O Professor Pardal do mercado Pet

O Professor Pardal do mercado Pet

Se os cachorros pudessem votar, Eduardo de Souza Teixeira, 44 anos, teria assento em qualquer parlamento deste planeta. Ele é veterinário e essa condição já seria suficiente para ganhar a simpatia dos caninos. Porém, Teixeira, que mora em Descalvado, a 242 km da Capital paulista, na região de Araraquara, foi mais longe.

Ali é conhecido como uma espécie de Professor Pardal, criador de inventos para melhorar a vida desses seres que se caracterizam por revelar o estado de espírito através do rabo, metendo-o entre as pernas, se estão tristes, ou abanando alegremente quando felizes.

Um deles é a plataforma de salvamento, sem dúvida o mais necessário e engenhoso. Consiste em um equipamento instalado nas piscinas para permitir a saída de cães que venham a cair na água. Em princípio, pode parecer algo fútil com a finalidade de tirar proveito da acentuada preocupação que os proprietários costumam dedicar aos seus animais. Por outro lado, há quem, por desconhecimento, despreze o equipamento, apoiado na ideia formada de que os bichos sabem se virar sem dificuldade.

De fato, nadando instintivamente, escapam de uma lagoa ou rio em busca de uma pedra ou de onde der pé, ou melhor, pata. Numa piscina essas duas possibilidades não existem. Para piorar, os cães, ao contrário dos humanos não conseguem apoiar seus membros nas bordas e dar o impulso salvador devido às suas limitações anatômicas. Evidentemente, também não teriam habilidade para utilizar as escadas de alumínio que guarnecem as piscinas. E nesse tópico, Eduardo tem uma observação a fazer: no caso de acidente, o entorno da piscina fica marcado pelo sangue do animal, proveniente das unhas feridas, na sua tentativa desesperada de sair.

Embora não haja estatísticas, esses acidentes caninos são comuns e tendem a crescer, uma vez que hoje o País ber água, e caem na piscina”, explica o inventor. A eficiência da plataforma será maior se o cão for treinado para procurá-la em um ponto fixo da piscina. 

O segundo produto do seu catálogo é a cama canina à prova de qualquer fúria roedora que acomete cachorros nos seus verdes anos e, em muitos casos, na vida adulta. Quem já teve um, sabe do que estamos falando. Eles acabam charmosamente com tudo, pois é até divertido vêlos destruindo roupas e pés de móveis, a menos que você seja o dono da casa. A cama deles não foge desse destino, com o agravante de haver efeitos colaterais como , por exemplo, flocos de espuma engolidos, provenientes de recheios, cujo desfecho é a cirurgia obrigatória em função das obstruções gastrointestinais. “Já tive ela soma mais de 1,8 milhão de piscinas residenciais. O número indica que Eduardo está no caminho certo e que valeu a pena fazer MBA em marketing na Fundação Getúlio Vargas (FGV) para empinar o diploma de veterinário. Os desastres colhem cachorros grandes e pequenos, provocados por um único motivo: distração. No primeiro caso, quando os grandões estão brincando entre si e se desafiando com corridas e simulação de lutas. No segundo, como convém aos cãezinhos fofos, há até um toque de graça no contexto do drama. “Estão seguindo uma borboleta, uma libélula e até passarinhos que dão voo rasante para befrente uns 40 casos”, argumenta Eduardo para defender seu invento. Esta cama, medindo 90cm X 50cm, com três de altura, elaborado em plástico maciço, resiste, por trás da aparência frugal, a qualquer ataque. Tem, portanto, sua melhor virtude na economia que proporciona. Não por acaso, são prioritárias para canis, entre eles os das polícias militares, Exército e Marinha. E antes que alguém venha a fazer piadas sobre cães que enfrentem ladrões de barcos, Eduardo explica que o corpo de fuzileiros navais cumpre missões em terra com apoio de cachorros. Por uma questão de sigilo comercial, o veterinário não esclarece qual é o pulo do gato, melhor dizendo, do cão – desculpem, mas, outra vez, o trocadilho é inevitável –, embora reconheça que, mais dias ou menos dias, seu invento será copiado. Informa apenas que se baseia em minúcias da fisiologia canina.

Essas duas descobertas – a plataforma e a cama – garantem a sobrevivência confortável da Save Dog, sua empresa. Aliás, ele faz todas as suas vendas pela internet. Não se cansa de agradecer à tecnologia da informática, que lhe permite viver na tranquilidade do interior, com o alcance imediato de clientes que, em outros tempos, eram privilégio dos empreendedores que moravam nas grandes cidades. No momento, ele está empenhado em finalizar um comedor à prova de formigas que atenderá cães e gatos. Já está concluindo os testes. Por falar em testes, os pastores alemães Rufus e a cadela Ceres foram suas cobaias. Trata-se de seus cães de estimação.

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